quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Brasil tem uma das maiores taxas de cesariana na Saúde Suplementar

Link interessante, com porcentagens de cesáreas em vários países do mundo:

http://www.ans.gov.br/portal/site/home2/destaque_22585_2.asp

Cesárea em hospitais particulares de SP supera 80%

No primeiro trimestre de 2009, as cinco mais conceituadas maternidades particulares de São Paulo tiveram taxas de cesárea superiores a 80%. A taxa máxima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 15%. Os números são do SINASC – Sistema de Informações de Nascidos Vivos e estão disponíveis no site da Prefeitura. Com 2 474 partos realizados no período, sendo 176 normais (taxa de cesárea igual a 92,89%), a maternidade Santa Joana é a recordista de cesáreas. É também o hospital particular que realizou o maior número de partos da cidade. A Pro Matre, pertencente ao mesmo grupo, tem a segunda maior taxa de cesárea (89,50%) e ocupa o segundo lugar em quantidade de partos (total de 1667, sendo 173 normais). A seguir, estão o Santa Catarina (taxa de cesárea de 88,85%), o São Luiz – unidade Itaim (87,37%) e o Albert Einstein (80,80%).

Leia mais:
http://www.partocomprazer.com.br/?tag=taxa-de-cesarea

Ministério e prefeitura apoiam partos sem médico

Link:
http://odia.ig.com.br/portal/rio/minist%C3%A9rio-e-prefeitura-apoiam-partos-sem-m%C3%A9dico-1.466475

Mineiras discutem violência no parto em audiência pública na Assembleia Legislativa

Link:
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/30/interna_gerais,308823/mineiras-discutem-violencia-no-parto-em-audiencia-publica-na-assembleia-legislativa.shtml#.UBaI6OVYzxI.facebook

Carta de Sorocaba

NuPar – Núcleo de Parteria Urbana da ReHuNa

“Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças”.
(Fernando Pessoa)

Nós, ativistas da humanização do nascimento, reunidos na cidade de Sorocaba nos dias 27 a 29 de julho de 2012, no I ENAPARTU - Encontro Nacional de Parteria Urbana, vimos por meio desta manifestação tecer considerações e propostas so
bre o atual estado da assistência ao parto no Brasil.

Desta forma consideramos:

1. A necessidade da proteção do parto normal como evento biológico, fisiológico e culturalmente construído, diante da ameaça a que está submetido pelo alto índice de nascimentos cirúrgicos nas cidades brasileiras. O Brasil já atingiu a vexatória marca de 52% de cesarianas no ano de 2011, e a Agencia Nacional de Saude Suplementar (ANS) aponta que 84,5% dos nascimentos da classe média ocorrem pela via cirúrgica, o que por si só pode ser considerado uma violência contra a integridade física das mulheres.

2. A importância de oferecer uma assistência humanizada em face dos altos índices de violência institucional às mulheres como recentemente comprovada por pesquisa da Fundação Perseu Abramo demonstrando que 25% das mulheres relatam algum tipo de violência durante sua permanecia no hospital. Essa violência é caracterizada como violência de gênero que atenta contra dignidade humana em um momento de vulnerabilidade e alto significado cultural.

3. Os recentes episódios envolvendo o constrangimento para o trabalho e autonomia de obstetrizes e doulas na assistência à gestante limitam a visão transdisciplinar da assistência ao parto, o que configura um desrespeito à liberdade de escolha da mulher enquanto cidadã.

4. O estabelecimento artificial do momento do parto por interesses outros que não da fisiologia do processo desencadeiam malefícios para o binômio mãebebê com consequências a curto médio e longo prazos.

5. A deficiência dos órgãos formadores de profissionais, em nível de graduação e pós-graduação, que atendem o nascimento e recém-nascido podem afastar estes profissionais de uma vivencia respeitosa com a fisiologia do processo.

6. A adoção acrítica do modelo tecnocrático que despreza as visões integrativas da parturição despersonaliza e objetualiza as gestantes, limita a abrangência cultural, psicológica, afetiva, emocional e espiritual do nascimento.

7. A visão contemporânea do nascimento é marcada pelo signo do medo necessitando que essa visão seja transformada em uma visão positiva, com base na confiança.

8. A negativa de cumprimento, pelos hospitais públicos e privados, da lei do acompanhante de 2005, assim como o bloqueio da presença de doulas, agridem o trabalho desses profissionais assim como a liberdade de escolha das parturientes.

9. A deficiência de registros e a inexistência de divulgação de práticas hospitalares que nos possibilitem uma avaliação de projetos que visem à humanização.

10. A falta de preparo técnico e profissional para uma ação conjunta que ofereça suporte ao atendimento do parto no ambiente extra-hospitalar

11. A desvalorização dos profissionais envolvidos no parto tanto quanto a sua baixa remuneração, no setor púbico e no setor privado, levam à qualidade inadequada da assistência ao parto e nascimento.

Diante dessa situação, propomos:

1. Ressaltar o protagonismo da mulher como preceito fundamental na assistência ao parto.

2. Resgatar o nascimento como um evento integral respeitando as culturas onde ele esta inserido.

3. Reforçar a visão transdisciplinar na atenção ao parto estimulando um esforço colaborativo, com ênfase na horizontalidade, respeitando as especificidades e estabelecendo como foco primordial a atenção integral à mulher, bebê e família.

4. Estimular que os órgãos formadores, de graduação e pós-graduação, incluam nos currículos aspectos da humanização e nascimento, baseados nas evidências cientificas atuais. Recomendamos a criação de sistemas nacionais de avaliação curriculares sobre esse tema, assim como estímulo à criação de grupos de pesquisa sobre práticas baseadas em evidencias na atenção à gestação e ao parto e nos cuidados com recém-nascido.

5. Conscientizar as mulheres e sociedade sobre o risco associado ao excesso de intervenções no ciclo grávido-puerperal.

6. Incentivar a criação, manutenção e proteção dos cursos de formação de obstetrizes e na pós-graduação em enfermagem obstétrica, para preencher a lacuna de assistência existente nas grandes cidades. Estimular a adoção de políticas de inclusão de obstetrizes, enfermeiras obstétricas e doulas no sistema público e suplementar, através de legislação e política de inclusão na atenção direta ao parto, devendo essa assistência ser coberta e remunerada inclusive pelo sistema suplementar.

7. Ressaltar a importância do parceiro(a) no processo de nascimento, pois esta presença se correlaciona positivamente com o fortalecimento dos laços familiares, o que contribui para a diminuição da violência doméstica.

8. Investir na formação e capacitação dos profissionais habilitados e reconhecidos pela OMS: o obstetra, médico de família, enfermeira obstetra e a obstetriz.

9. Estimular programas e publicações governamentais de educação continuada, voltados à humanização do nascimento.

10. Estimular a criação de novos espaços de atenção ao parto extra-hospitalar assim como a proteção dos já existentes, dentro de um programa nacional de humanização do nascimento pelo Ministério da Saúde. Regulamentar e fiscalizar a atuação de parteiros urbanos, dentro de parâmetros de segurança, garantindo a ampla escolha do local de parto pelas mulheres e suas famílias.

11. Estimular uma visão colaborativa e fraterna entre todos os espaços de atenção ao parto, visando uma abordagem integrativa do ato do nascimento e oferecendo uma ampla gama de alternativas para as mulheres.

12. Incluir o ciclo gravídico puerperal nos currículos escolares dentro da disciplina de “Educação Sexual”, reforçando os aspectos sociais, culturais e psicológicos, além dos aspectos biológicos e reprodutivos.

13. Estimular a capacitação, formação e educação continuada de doulas para complementar a assistência integral à gestante, oferecendo apoio nos aspectos emocionais e físicos para ela e sua família.

14. Fazer valer a RDC 36/2008, que regulamenta qualquer estabelecimento de atenção obstétrica, assim como realizar a sua fiscalização efetiva.

Sorocaba, 29 de julho de 2012.

ENAPARTU na TV:
http://globotv.globo.com/tv-tem-interior-sp/tem-noticias-2a-edicao-sorocabajundiai/v/encontro-em-sorocaba-sp-discute-humanizacao-dos-partos/2063504/

Apoio contínuo para mulheres durante o nascimento

Por Melania Amorim e Leila Katz, estudo realizado para a Biblioteca de Saúde Reprodutiva da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. 


Em comparação com os cuidados usuais, providenciar apoio contínuo intraparto aumenta a chance de parto vaginal espontâneo, reduz a duração do trabalho e o uso de analgesia e reduz a incidência de cesariana e parto instrumental. Adicionalmente, menos bebês nascem com escore de Apgar menor que 7 no 5º. minuto e mães expressam maior satisfação com a experiência do nascimento.

Comentário para a Biblioteca de Saúde Reprodutiva da Organização Mundial da Saúde por Amorim MMMR e Katz L

1. INTRODUÇÃO
Historicamente e através das culturas, mulheres têm parido em casa e sido atendidas e apoiadas por outras mulheres durante o trabalho de parto e o parto (1). No entanto, atualmente a maioria das mulheres em muitos países dão à luz em hospitais, onde o trabalho de parto e o parto são considerados eventos médicos, sendo as mulheres em trabalho de parto tratadas como pacientes (2,3). Como conseqüência, o apoio contínuo intraparto recebido pelas mulheres no passado está sendo perdido (4,5).

Nos anos recentes, tanto mulheres e movimentos sociais como os gestores de saúde têm clamado não somente por tornar mais natural o nascimento, mas também por apoio um para um por e para mulheres durante o trabalho de parto. Em resposta a esse clamor, modificações da prática têm ocorrido e o parceiro, membros da família ou amigos têm tido a sua participação permitida durante o nascimento, mesmo em locais institucionais como as salas de trabalho de parto e parto (6). Os defensores da presença de familiares e amigos durante o trabalho de parto e o nascimento defendem que essas pessoas podem providenciar apoio contínuo intraparto.. Por outro lado, alguns profissionais de saúde têm questionado se membros leigos da família ou da comunidade podem ajudar as mulheres em trabalho de parto a lidar com a dor e a ansiedade relacionadas com o nascimento (7). A presente revisão sistemática da Biblioteca Cochrane (8) teve por objetivo avaliar os efeitos do apoio contínuo um a um intraparto em comparação com os cuidados usuais.

2. MÉTODOS DA REVISÃO 
Os autores da revisão procuraram o Registro Cochrane do Grupo de Gestação e Nascimento em busca de estudos sem aplicar qualquer restrição de linguagem. Os critérios de seleção para incluir estudos nessa revisão foram ensaios clínicos randomizados comparando apoio contínuo intraparto fornecido por um familiar ou uma pessoa de fora da família (com ou sem qualificação profissional na área de saúde) com os cuidados usuais. Mulheres grávidas em trabalho de parto foram as participantes dos estudos. Em todos os casos, “cuidados usuais”não envolveram o apoio contínuo intraparto mas poderiam ter incluído outras medidas, como uso rotineiro de analgesia peridural para alívio da dor durante o trabalho de parto.

Os desfechos maternos primários foram qualquer analgesia/anestesia (medicação para dor), uso de ocitocina sintética durante o trabalho de parto, parto vaginal espontâneo, depressão pós-parto e sensaçãos negativas ou pontuação negativa sobre a experiência de parto. Os desfechos neonatais primários foram admissão em enfermaria de cuidados especiais e amamentação com 1-2 meses pós-parto. Os desfechos secundários foram eventos intraparto (analgesia regional/anestesia, duração do trabalho de parto, dor grave durante o trabalho de parto, nascimento por cesariana, parto vaginal instrumental, trauma perineal (episiotomia ou laceração requerendo sutura), baixo escore de Apgar com 5 minutos e hospitalização neonatal prolongada, maternagem difícil e baixa autoestima no período pós-parto.

Um modelo de metanálise com efeito fixo de Mantel-Haenszel foi usado para combinar dados e uma análise com modelo randômico foi adotada para comparações em que houve elevada heterogeneidade. Nos casos em que ocorreu elevado risco de viés associado com a qualidade dos ensaios clínicos incluídos, análise de sensibilidade foi realizada para os desfechos primários. Análises de subgrupo incluíram a conduta do serviço referente à presença de acompanhante, disponibilidade de analgesia peridural, protocolo de monitoração eletrônica fetal de rotina e variações nas características do provedor.

3. RESULTADOS DA REVISÃO
Um total de 21 ensaios clínicos envolvendo 15.061 mulheres foram incluídos. Os ensaios clínicos tinham sido conduzidos sob diversas condições, regulamentos e rotinas hospitalares. Houve notável uniformidade na descrição do apoio contínuo intraparto em todos os ensaios clínicos, e em todos eles a intervenção incluiu apoio um a um continuo ou praticamente contínuo, pelo menos durante a fase ativa do trabalho de parto. Os autores da revisão classificaram a qualidade dos ensaios clínicos como geralmente boa a excelente. 

Dezenove dos 21 ensaios clínicos incluíram menção específica de toque confortador e uso de palavras de elogio e incentivo pelo provedor do apoio. Em 11 ensaios clínicos a presença do parceiro ou outros membros da família foi permitida, mas nos 10 outros ensaios clínicos nenhum apoio adicional foi permitido. Analgesia peridural estava disponível de rotina em 14 ensaios clínicos e monitoração eletrônica fetal foi usada de rotina em nove deles. Não foi possível comparar os efeitos do apoio contínuo intraparto de acordo com a fase do trabalho de parto (latente ou ativa). Os indivíduos que promoveram o apoio contínuo intraparto variaram em termos de sua experiência de cuidadores do nascimento, suas qualificações e a sua relação com as mulheres em trabalho de parto. Eles poderiam ser parte da equipe hospitalar (como obstetrizes, estudantes de Obstetrícia ou enfermeiras) ou poderiam ser outras mulheres ou não-membros da equipe hospitalar, com ou sem treinamento especial (como doulas ou mulheres que tinham dado à luz anteriormente).

As mulheres alocadas para receber apoio intraparto contínuo tiveram maior chance de ter parto vaginal espontâneo [risco relativo (RR) 1,08, intervalo de confiança (IC) a 95%=1,04 – 1,12) e menor chance de receber analgesia de parto (RR=0,90, IC 96%=0,84 – 0,97) ou relatar insatisfação (RR=0,69, IC 95%=0,59 – 0,79). Além disso, elas tiveram menor duração do trabalho de parto (diferença média de -0,58 horas, IC 95%= -0,86 – -0,30), menor chance de serem submetidas a cesariana (RR=0,79; IC 95%=0,67 – 0,92) ou terem parto instrumental (RR=0,90; IC 95%=0,84 – 0,96), analgesia regional (RR=0,93; IC 95%=0,88 – 0,99) ou um bebê com escore de Apgar baixo no quinto minuto (RR=0,70; IC 95%=0,50-0,96). Não houve nenhum efeito aparente em intervenções intraparto como uso de ocitocina, problemas maternos (trauma perineal grave, dor grave durante o trabalho de parto, maternagem difícil baixa autoestima pós-parto e depressão pós-parto), outras complicações neonatais (admissão em enfermaria de cuidados especiais e hospitalização prolongada) ou amamentação com 1-2 meses pós-parto.

A análise de subgrupo sugeriu que o apoio contínuo intraparto foi mais efetivo quando fornecido por uma mulher que não era nem parte da equipe hospitalar nem pertencia à rede social da parturiente. Também foi mais efetivo em locais onde a analgesia peridural não estava rotineiramente disponível. Não foi possível realizar a análise planejada de subgrupo baseada no tempo de início do apoio intraparto.

4. DISCUSSÃO

4.1. Aplicabilidade dos resultados
Os benefícios do apoio contínuo in traparto em termos de desfechos maternos e perinatais são claros, como demonstrado por essa Revisão Sistemática Cochrane, e são consistentes em todos os ensaios clínicos em todos os lugares, apesar das diferenças nas rotinas obstétricas, protocolos hospitalares e condições e qualificações dos indivíduos que forneceram o apoio. Quando apoio contínuo intraparto é fornecido, as mulheres têm mais partos vaginais espontâneos, menor duração do trabalho de parto, menor uso de analgesia de parto, menor taxa de cesarianas e partos instrumentais e menos bebês com baixos escores de Apgar no quinto minuto. Além disso, as mulheres expressam mais satisfação com a experiência de nascimento.

Embora seja virtualmente impossível determinar a forma “ideal” de apoio contínuo intraparto, os benefícios parecem ser maiores quando o apoio contínuo intraparto é fornecido por uma doula. O apoio fornecido por doulas leigas está associado com redução da duração do trabalho de parto e maiores escores de Apgar no quinto minuto. Por outro lado, qualquer cuidador contínuo não pertencente à equipe institucional (amigos, membros da família ou o pai do bebê) podem fornecer apoio intraparto com redução do uso de analgesia e de partos operatórios. 

4.2. Implementação da intervenção
Todos os hospitais devem implementar programas que oferecem apoio contínuo para mulheres durante o trabalho de parto. A presença de um acompanhante da própria escolha da mulher deve ser permitida e encorajada. Uma alternativa para isso pode ser a integração de doulas em maternidades para a prestação de apoio contínuo a mulheres durante do trabalho de parto. Doulas são mulheres leigas que receberam treinamento especial para fornecer apoio não médico para mulheres e famílias durante o trabalho de parto, nascimento e período pós-parto (7,9). Formuladores de políticas e administradores devem reconhecer que os melhores desfechos são alcançados quando o apoio intraparto contínuo é fornecido por prestadores que não fazem parte da equipe da instituição, especialmente doulas. Isso é particularmente importante quando os formuladores de políticas de saúde desejam reduzir taxas elevadas de cesariana em seus hospitais ou países. 

Os custos dos serviços de doulas, quando disponíveis, são geralmente repassados para a família da mãe. Esses custos poderiam ser uma barreira para a prestação de apoio contínuo intraparto. Considerando todas as vantagens e os possíveis custos mais baixos para o sistema de saúde associados com a presença de doulas (menor chance de cesarianas e de uso de analgesia), os formuladores de políticas de saúde deveriam considerar cobrir os custos dos serviços de doulas. Programas para treinamento e acreditação de doulas deveriam estar disponíveis em todas as regiões do país. Cursos e programas para treinamento de doulas comunitárias podem ser oferecidos por hospitais públicos e serviços primários de saúde.

4.3. Implicações para pesquisa

Agora que os benefícios do apoio contínuo intraparto em termos de desfechos maternos e perinatais em curto prazo estão bem estabelecidos, estudos ulteriores devem investigar os efeitos do apoio contínuo durante o período pós-parto, bem como o seu impacto em desfechos maternos e infantis em longo prazo. Esses desfechos devem incluir, mas não devem se restringir às causas de morbidade materna, como incontinência urinária e fecal, dispareunia, dor perineal prolongada e depressão. A pesquisa no futuro também deve abranger algumas possíveis vantagens do apoio contínuo, como maior facilidade no estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê e amamentação em longo prazo. 

Estudos comparando diferentes modelos de treinamento de provedores para o apoio contínuo intraparto devem ser realizados, e comparações dos serviços de doulas comunitárias ou doulas oferecidas pelo hospital ou doulas privadas também podem ser realizadas. Todos esses estudos devem incluir análises econômicas de custos e benefícios.

Referências

1. Rosenberg K, Trevathan W. Birth, obstetrics and human evolution. BJOG 2002;109(11):1199-1206.
2. Davis-Floyd RE, Sargent CF. Childbirth and authoritative knowledge: cross-cultural perspectives. University of California Press; 1997:505.
3. McCool WF, Simeone SA. Birth in the United States: an overview of trends past and present. The Nursing clinics of North America 2002;37(4):735-746.
4. Kitzinger S. Birth your way. New York; NY: DK Adult; 2002:208.
5. Davis-Floyd RE. Birth as an American rite of passage: second edition. University of California Press; 2004:424.
6. Davis-Floyd RE, Barclay L, Tritten J, Daviss B-A, eds. Birth models that work. Berkeley, CA: University of California Press; 2009:496.
7. Stuebe AM, Barbieri RL. Continuous intrapartum support. Uptodate. 2012. Available at: http://www.uptodate.com/contents/continuous-intrapartum-support?source=search_result&search=doulas&selectedTitle=1%7E6#H10. Accessed March 20, 2012.
8. Hodnett ED, Gates S, Hofmeyr GJ, Sakala C, Weston J. Continuous support for women during childbirth. Cochrane Database of Systematic Reviews 2011;Issue 2. Art. No.: CD003766; DOI: 10.1002/14651858.CD003766.pub3.
9. Kayne MA, Greulich MB, Albers LL. Doulas: an alternative yet complementary addition to care during childbirth. Clinical Obstetrics and Gynecology. 2001;44:692-703.
________________________________________
Este documento deve ser citado como: Amorim MMR and Katz L. Continuous support for women during childbirth: RHL commentary (last revised: 1 May 2012). The WHO Reproductive Health Library; Geneva: World Health Organization.

Assistência ao parto baseada em evidências

Por Melania Amorim, MD, PhD, pós-doc pela WHO, associada do Grupo de Gravidez e Nascimento da Biblioteca Cochrane.


Link para download:
https://rapidshare.com/#!download|613p7|3422916771|ASSISTENCIA%20AO%20PARTO%20BASEADA%20EM%20EVIDENCIAS%202012.pdf|13331|0|0

Episiotomia na Obstetrícia Moderna

Link para download do material, por Melania Amorim:

https://rapidshare.com/#!download|340p5|1268784895|Episiotomia%20na%20Obstetr%C3%ADcia%20Moderna%202012.pdf|3337|0|0

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Portugal: aumento de partos em casa por falta de alternativas naturais nos hospitais

Depois de, em 2004, Portugal ter atingido um número mínimo de partos em casa, 454, em 2006 houve uma viragem e, desde então, o número de mulheres que têm filhos no domicílio tem-se aproximado dos mil - ainda assim, cerca de 1% do total dos nascimentos. Para o presidente do Colégio de Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, Vítor Varela, este é um movimento claro de fuga a um parto hospitalar excessivamente medicalizado e intervencionado. Porém, os hospitais públicos pouco se adaptaram a esta chamada de atenção

Leia mais:
http://www.publico.pt/Sociedade/aumento-de-partos-em-casa-por-falta-de-alternativas-naturais-nos-hospitais-1541217?all=1

Resultado de partos domiciliares atendidos por enfermeiras

Resultado de partos domiciliares atendidos por enfermeiras de 2005 a 2009 em Florianópolis, SC

Por
Joyce Green Koettker
Odaléa Maria Brüggemann
Rozany Mucha Dufloth
Roxana Knobel
Marisa Monticelli

http://www.scielo.br/pdf/rsp/2012nahead/cb3548.pdf

Birthplace in England - publicação do Serviço Público de Saúde britânico (NHS)

Estudo sobre disponibilidade, segurança, processos e custos dos diferentes cenários do parto.

Publicado em junho de 2012:

http://www.nhsconfed.org/Publications/Documents/birthplace-england_130612.pdf

Artigos de Melania Amorim no Guia do Bebê

Parto em casa é seguro
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-em-casa-e-seguro/

Parto domiciliar: refletindo sobre paradigmas
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-domiciliar-refletindo-sobre-paradigmas/

Parto normal  x cesárea parte 1: a magnitude do problema
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-1-a-magnitude-do-problema/

Parto normal  x cesárea parte 2: por que as taxas de cesárea são tão elevadas no Brasil
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-2-por-que-as-taxas-de-cesarea-sao-tao-elevadas-no-brasil/

Parto normal  x cesárea parte 3: os principais pretextos para cesariana sem respaldo científico
http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-3-principais-pretextos-para-cesariana-sem-respaldo-cientifico/

Reflexões sobre a gravidez prolongada
http://guiadobebe.uol.com.br/reflexoes-sobre-a-gravidez-prolongada/

terça-feira, 24 de julho de 2012

Ministério da Saúde - Tipos de Parto


Tipos de parto
Segundo o Ministério da Saúde, o parto normal é o mais aconselhado e seguro, devendo ser disponibilizados todos os recursos para que ele aconteça. Durante o pré-natal e o trabalho de parto, o profissional que atende a gestante avaliará as condições dela e do bebê, para identificar fatores que possam impedir o parto por via vaginal. "O melhor parto é aquele que oferece maior segurança para a mãe e para a criança", explica Rosiane Mattar, membro da Comissão de Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Para isso, é preciso acompanhar o desenvolvimento da gravidez no pré-natal e avaliar qualquer tipo de complicação.
É direito da mulher definir durante o pré-natal o local onde ocorrerá o parto. Vale ressaltar que os partos podem ser realizados nos centros de parto normal, em casa ou em qualquer hospital ou maternidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Brenda CacciatorParto normal  oferece menos riscos de infecção, hemorragia e prematuridade do bebêAmpliar
  • Parto normal oferece menos riscos de infecção, hemorragia e prematuridade do bebê
Conheça abaixo os diferentes tipos de parto e suas indicações.
Parto normal
O parto normal é mais seguro que a cesariana, pois oferece menos riscos de infecção, hemorragia e prematuridade do bebê. O apoio à mulher durante o pré-natal e o trabalho de parto é o principal recurso para seu bom desenvolvimento. Em casos realmente necessários, podem ser oferecidos métodos não farmacológicos de alívio da dor e utilizadas intervenções como analgesia.
"Outra vantagem do parto normal é que o organismo materno se prepara para o nascimento. Os hormônios prolactina e ocitocina, fabricados durante o trabalho de parto, são fundamentais para ajudar a acelerar a produção de leite. Quem faz uma cesárea não produz quantidade suficiente desses hormônios e o leite pode demorar a descer", explica o obstetra Jorge Kuhn, um dos fundadores da Casa Moara, espaço dedicado às mulheres grávidas e suas famílias. Além disso, a recuperação também é mais rápida em comparação à cesariana.
O parto normal deve ser o mais natural possível
Sempre que possível o parto deve acontecer sem intervenções. O ambiente deve respeitar a privacidade e as escolhas da gestante. Por isso, é indicado reduzir ruídos e luminosidade no local do parto, permitir que a parturiente caminhe, ingira líquidos e indique quem irá acompanhá-la. Além disso, é necessário possibilitar que a mulher adote as posições que a façam se sentir melhor – no momento da expulsão, por exemplo, a posição verticalizada pode facilitar o nascimento, por se mais fisiológica para mãe e bebê.
O recém-nascido também deve ser poupado de intervenções desnecessárias tradicionais. "Em relação ao recém-nascido, se ele estiver bem, chorando, com boa contratura muscular e bons reflexos, não é necessário fazer aspiração nasal, pois ele tem a capacidade de eliminar as secreções por conta própria. Isso acontece porque, no parto por via normal, é o bebê quem indica a hora certa de nascer e, durante a passagem pelo canal de parto, ele é massageado e estimulado para o nascimento", esclarece a obstetra Andrea Campos, da Casa Moara.
O corte do cordão umbilical também pode respeitar o ritmo natural e ser feito tardiamente, após cessarem os batimentos, a não ser que haja alguma contra-indicação. Alguns profissionais da saúde que atendem ao parto oferecem para que o pai da criança corte o cordão.
O parto natural pode ser realizado em maternidades, Centros de Parto Normal e em casa, mas é preciso contar com o acompanhamento de uma equipe especializada, liderada por enfermeiros-obstetras ou obstetrizes.
Nesse tipo de parto, a presença de uma doula também é bastante apropriada, visto que ela oferece suporte físico e emocional à parturiente, transmitindo confiança, segurança e suporte afetivo, físico e emocional. Ao longo do trabalho de parto, essa profissional ajuda a gestante a encontrar as melhores posições, sugere métodos para aliviar as dores, entre eles banhos e massagens, e ainda auxilia e orienta o acompanhante.
Parto domiciliar
Este tipo de parto é realizado na casa da parturiente. É recomendado apenas para gestações de baixo risco e deve ser conduzido por um médico ou enfermeiro-obstetra Durante o trabalho de parto, é preciso garantir que a gestante possa ser transferida para um hospital se for registrado qualquer problema ou complicação.
No Brasil, nas regiões do campo e da floresta, muitas crianças nascem pelas mãos de parteiras tradicionais, mulheres que, de forma voluntária, seguem o ofício de ajudar outras mulheres a parir.
Cada vez mais o governo brasileiro reconhece o valor e o trabalho das parteiras tradicionais, que também atuam nos centros urbanos.
Parto com fórceps ou vácuo extrator
Cada um tem sua indicação precisa, mas ambos são utilizados nos momentos finais do parto normal quando ocorrem situações de emergência ou sofrimento do bebê. O fórceps, instrumento cirúrgico que funciona como uma pinça, é usado para auxiliar a saída da criança do útero e finalizar o parto com segurança. O vácuo-extrator é como uma ventosa e também tem a função de ajudar o bebê a sair.
Parto na água
Neste tipo de parto normal ou natural, a mãe dá à luz em uma banheira com água morna, que pode proporcionar conforto e ajudar a aliviar as dores das contrações. O processo deve ser sempre acompanhado por um enfermeiro-obstetra ou médico e não é indicado em casos de parto prematuro, gestantes com diabetes, hipertensão, HIV positivo, hepatite B ou herpes genital ativo e bebês acima de quatro quilos.
Parto de cócoras
Outro tipo de parto normal ou natural, neste procedimento a mãe fica de cócoras em uma cadeira ou em um banco especial. Nessa postura, a força da gravidade facilita a saída do bebê e alivia a dor das contrações. A posição de cócoras é considerada mais fisiológica e pode ser adotada por qualquer gestante no momento do parto.
Cesárea
Segundo dados de 2009 do Ministério da Saúde, as cesarianas representam 34% dos partos realizados na rede pública de saúde brasileira. No entanto, por se tratar de um procedimento cirúrgico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que esses casos não ultrapassem 15%. Essa indicação se refere aos partos de risco, quando há situações como posição inadequada do feto (que permanece sentado ou atravessado mesmo após tentativas para mudá-lo de posição) e descolamento prematuro de placenta.
"Outras razões que exigem a cesárea, constatadas durante o trabalho de parto, são o sofrimento fetal e a desproporção céfalo-pélvica. No primeiro caso, o bebê não está bem e precisa nascer imediatamente. No segundo, a mãe apresenta toda ou quase toda a dilatação necessária, mas o bebê não desce pelo canal de parto", detalha Andrea Campos.
Hoje há um abuso desse procedimento no Brasil, o que faz com que muitas crianças nasçam prematuras.
Parto prematuro
Segundo a OMS, o parto é considerado prematuro quando ocorre antes da 37ª semana de gestação. Entre as causas mais comuns para a prematuridade estão a gravidez na adolescência, ruptura prematura da bolsa, gestações de gêmeos e problemas de saúde da mãe, como pressão alta, infecção urinária, diabetes e tabagismo. A “cesariana de hora marcada” contribui com o aumento no número bebês que nascem prematuros.
Os cuidados com o bebê dependem do tempo de prematuridade. Quando o nascimento acontece entre 34 e 37 semanas, o maior risco é a dificuldade na respiração. No entanto, quando o prematuro nasce antes de 34 semanas, seus órgãos ainda não estão completamente desenvolvidos e é necessária uma atenção ainda maior.
Além disso, o bebê prematuro fica mais vulnerável a complicações que podem dificultar seu desenvolvimento. Por isso, é fundamental ter o acompanhamento do pediatra. Leite materno e muito carinho também são essenciais para garantir uma vida saudável para a criança.

Nascidos de cesárea mais sujeitos a asma e diabetes tipo 1

Estudo do Department of Chronic Diseases at the Norwegian Institute of Public Health, na Noruega, sugere que crianças nascidas de parto cesárea possuem maior risco de terem asma. Estudo feito com 37 mil voluntários. E ainda há riscos para diabetes tipo 1.


http://minhavida.uol.com.br/familia/materias/14565-parto-cesarea-pode-aumentar-risco-de-asma-em-criancas

Tratamento com corticoides em grávidas pode prejudicar feto

Pesquisadores da Universidade do Minho acabam de publicar um artigo no periódico muito bem conceituado Psychopharmacology relatando que a exposição do feto a glicocorticóides - administrados em gestantes quando há algum risco de parto pré-termo - pode levar a consequências futuras negativas. "Os investigadores afirmam que pode contribuir para o desenvolvimento de ansiedade excessiva e depressão, bem como afetar negativamente o comportamento sexual do futuro adulto". Embora seja um estudo experimental, é um indício bastante importante.


Link: http://www.publico.pt/Sociedade/tratamento-em-gravidas-pode-prejudicar-feto-1531370

Parto do Princípio

Foto da capa


A Parto do Princípio é uma rede de mulheres, consumidoras e usuárias do sistema de saúde brasileiro, que oferece informações sobre gestação, parto e nascimento baseadas em evidên-cias científicas e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, mais de 300 pessoas trabalham voluntariamente pela Rede, em 16 Estados e no Distrito Federal, na divulgação dos benefícios do parto ativo.






Link: www.partodoprincipio.com.br

Nascer no Brasil - Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento


Sobre o projeto
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As taxas de cesariana estão aumentando sistematicamente no Brasil como reflexo de mudanças nas práticas obstétricas. Estudos internacionais vêm demonstrando os riscos da cesárea e o impacto na saúde reprodutiva futura da mulher. Para os recém-nascidos, os efeitos descritos são: o aumento da mortalidade neonatal, da taxa de nascimento pré-termo intermediário e tardio, além do uso de ventilação mecânica em recém-nascidos de baixo risco.
A pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento, coordenada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), com participação de renomadas instituições científicas do país, tem como objetivo conhecer os determinantes, a magnitude e os efeitos da cesariana desnecessária no Brasil em puérperas e recém-nascidos, bem como descrever a motivação das mulheres para a opção pelo tipo de parto e as complicações médicas durante o período do puerpério.
O estudo de abrangência nacional envolve capitais e cidades do interior. Serão entrevistadas 24 mil puérperas que tenham tido seus filhos em estabelecimentos de saúde com 500 ou mais partos/ano. A coleta de dados se iniciará em fevereiro de 2011, com previsão de término em setembro do mesmo ano.

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